Quando falamos de investimentos em renda fixa, nomes como CDB, LCI e LCA são bastante comuns. No entanto, existe uma classe de ativos menos conhecida, mas que pode ser interessante para diversificação: o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio). Mas, afinal, o que são esses títulos? Quais são suas características e quais são suas vantagens e desvantagens em relação a outros produtos de renda fixa como CDB, LCI e LCA? Neste artigo, vamos explicar tudo isso de maneira simples e fácil de entender.
O que é CRI?
O CRI, ou Certificado de Recebíveis Imobiliários, é um título de renda fixa lastreado em créditos imobiliários. Isso significa que, ao investir em um CRI, você está financiando projetos do setor imobiliário, como a construção de imóveis ou a compra de terrenos. Esse título é emitido por companhias securitizadoras, que compram dívidas de empresas do setor imobiliário e as “empacotam” em títulos para vender a investidores.
O que é CRA?
O CRA, ou Certificado de Recebíveis do Agronegócio, é bastante semelhante ao CRI, mas com uma diferença importante: ele está vinculado ao setor do agronegócio. Ao investir em CRA, você está financiando atividades agrícolas, como produção de grãos, pecuária ou exportação de produtos agrícolas. Assim como o CRI, o CRA é emitido por companhias securitizadoras que compram dívidas de empresas do agronegócio.
Vantagens de CRI e CRA
Agora que você já sabe o que são CRI e CRA, é importante entender quais são suas vantagens e por que eles podem ser interessantes para quem deseja diversificar sua carteira de renda fixa:
1. Isenção de IR para pessoas físicas
Uma das maiores vantagens de investir em CRI e CRA é a isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas. Diferente de títulos como CDB, onde o IR pode chegar a 22,5% sobre os rendimentos, os CRIs e CRAs oferecem rendimentos líquidos, o que pode tornar o retorno mais atraente, principalmente para quem investe no longo prazo.
2. Diversificação Setorial
Investir em CRI e CRA permite diversificar sua exposição a setores específicos da economia, como o imobiliário e o agronegócio, que são dois dos maiores e mais importantes setores da economia brasileira. Isso pode ajudar a reduzir riscos, já que você não está colocando todos os seus recursos em um único setor.
3. Retorno Potencialmente Maior
De maneira geral, CRI e CRA costumam oferecer rendimentos um pouco mais altos do que CDBs, LCIs e LCAs. Isso acontece porque esses títulos são considerados um pouco mais arriscados (falaremos sobre isso a seguir) e, por isso, compensam o investidor com uma taxa de retorno mais elevada.
4. Pagamentos Periódicos de Cupons
Uma característica interessante dos CRIs e CRAs é o pagamento de cupons periódicos. Esses cupons funcionam como uma remuneração parcial antecipada, onde o investidor recebe parte dos rendimentos em intervalos definidos, como mensal, trimestral ou semestral. Isso pode ser vantajoso para quem busca uma fonte de renda passiva recorrente, sem a necessidade de esperar o vencimento do título para obter retorno.
5. Amortização do Principal
Além dos pagamentos periódicos de cupons, muitos CRIs e CRAs também oferecem a amortização do principal ao longo do tempo. Isso significa que o valor investido não será devolvido apenas no vencimento, mas de forma parcelada ao longo da vida do título, reduzindo o risco do investidor e garantindo um retorno parcial do capital de tempos em tempos.
Desvantagens de CRI e CRA
Mesmo com suas vantagens, CRI e CRA não são para todo tipo de investidor. Eles têm algumas desvantagens que precisam ser consideradas antes de optar por esse tipo de investimento:
1. Liquidez Reduzida
Uma das principais desvantagens de CRI e CRA é a falta de liquidez. Diferente de títulos como o CDB, que muitas vezes têm liquidez diária (você pode resgatar a qualquer momento), os CRIs e CRAs geralmente exigem que você mantenha o investimento até o vencimento, que pode variar de dois a cinco anos. Isso significa que você não poderá acessar o dinheiro investido durante esse período sem uma possível penalidade ou deságio na venda antecipada.
2. Risco de Crédito
Embora os CRIs e CRAs sejam considerados investimentos de renda fixa, eles carregam um risco maior do que CDBs, LCIs e LCAs, que geralmente têm garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que, em caso de calote da empresa emissora, você pode perder parte ou todo o valor investido. Por isso, é essencial avaliar a qualidade do emissor e a classificação de risco do título antes de investir.
3. Complexidade
Para investidores iniciantes, os CRIs e CRAs podem parecer um pouco mais complicados, especialmente quando comparados a produtos mais simples, como CDBs e Tesouro Direto. Esses títulos não têm uma estrutura tão padronizada, e é importante entender os detalhes de cada emissão, como o tipo de indexação (IPCA, CDI ou taxa prefixada), prazos e garantias.
Comparação com CDB, LCI e LCA
Agora que conhecemos os principais aspectos de CRI e CRA, vamos compará-los com outros títulos de renda fixa populares: CDB, LCI e LCA.
1. Risco
O risco de CRI e CRA é maior, principalmente porque esses títulos não têm a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Por outro lado, CDBs, LCIs e LCAs têm a garantia do FGC, até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira.
2. Rentabilidade
Em termos de rentabilidade, CRI e CRA tendem a oferecer retornos maiores do que CDBs, LCIs e LCAs, mas isso reflete o maior risco envolvido. CDBs e LCIs costumam ter rendimentos atrelados ao CDI, enquanto CRIs e CRAs podem ter uma remuneração indexada ao IPCA, oferecendo uma proteção adicional contra a inflação.
3. Liquidez
CDBs, LCIs e LCAs oferecem mais liquidez, com prazos mais curtos e, em muitos casos, possibilidade de resgate antecipado. Já CRI e CRA têm prazos mais longos e, geralmente, não podem ser resgatados antes do vencimento sem custos ou perdas.
Conclusão
CRI e CRA podem ser ótimas opções para quem deseja diversificar seus investimentos em renda fixa e busca retornos mais altos, aproveitando a isenção de IR. No entanto, esses títulos não são para todos, pois têm menos liquidez e maior risco do que outros produtos como CDB, LCI e LCA.
Se você está começando a investir, talvez seja interessante começar com produtos mais simples e seguros, como Tesouro Direto ou CDBs, para depois, com mais experiência, considerar CRI e CRA como opções de diversificação. Lembre-se sempre de avaliar seu perfil de risco e consultar um especialista em investimentos antes de tomar qualquer decisão.
Ótimo artigo! Muito esclarecedor!!! O gerente da minha conta sempre me oferece CRI e CRA como sugestão de diversificação, mas como não entendo o que são, nunca aceitei a sugestão
Agora, já sei o que são e sei também, que não se adequam ao meu perfil de baixo risco.
Obrigada